A expansão da indústria de celulose tem transformado pequenas cidades de Mato Grosso do Sul em polos industriais. O avanço econômico trazido pelas chamadas megafábricas impulsiona a arrecadação e gera empregos, mas também pressiona serviços públicos, infraestrutura urbana e políticas habitacionais.

Na região leste do estado, Ribas do Rio Pardo e Inocência vivem mudanças aceleradas com a instalação de grandes empreendimentos do setor florestal.
Crescimento acelerado em Ribas do Rio Pardo
A instalação da Suzano em Ribas do Rio Pardo, em 2021, alterou profundamente a dinâmica local. O orçamento municipal saltou de R$ 116 milhões em 2020 para R$ 340 milhões em 2025, sendo que mais da metade da arrecadação atual vem da cadeia do eucalipto.
Em cinco anos, a população cresceu de 22 mil para cerca de 30 mil habitantes, segundo a prefeitura. O avanço rápido trouxe problemas, principalmente na área de habitação. Parte dos moradores vive em ocupações irregulares, sem estrutura adequada.
A prefeitura estima que 420 famílias estejam em situação precária. Mesmo com a entrega de 100 moradias populares, a demanda continua alta. “A necessidade passa de 400 casas para retirar as pessoas de áreas de risco”, afirma o diretor de habitação, Wilson Aparecido dos Santos.
Educação e saúde sob pressão
O sistema educacional também enfrenta superlotação. O número de matrículas subiu de 4,3 mil para 5,2 mil alunos neste ano. Escolas precisaram ser ampliadas, e uma nova unidade estadual, com capacidade para 2 mil estudantes, está prevista para 2026.
Na saúde, o Hospital Municipal passou de 56,5 mil atendimentos em 2023 para 58,3 mil em 2025. Autoridades alertam para o risco de sobrecarga e de problemas sanitários em cidades que crescem rapidamente.
Parcerias e investimentos
Segundo o governo estadual, os impactos são analisados ainda na fase de licenciamento ambiental, por meio do Plano Básico Ambiental (PBA), que obriga as empresas a investir em infraestrutura. A Suzano aplicou R$ 22 bilhões no projeto e destinou R$ 300 milhões em investimentos locais, incluindo hospital, delegacia, posto da PRF e moradias para trabalhadores.
Apesar disso, a prefeitura defende que os PBAs considerem também a fase de operação das indústrias, e não apenas o período de construção.
Impactos regionais e caso de Inocência
Além de Ribas do Rio Pardo, outras 11 cidades de Mato Grosso do Sul sentem os efeitos diretos e indiretos da expansão da celulose. Prefeitos se reuniram em Brasília para discutir soluções conjuntas e defender apoio federal.
Em Inocência, a população quase dobrou, passando de 8,4 mil para cerca de 15 mil habitantes, impulsionada pela instalação da empresa chilena Arauco. A maior dificuldade é a falta de moradias, com alta expressiva nos aluguéis.
A saúde também foi impactada: o hospital local viu os atendimentos diários saltarem de 30 para 70. O PBA do município prevê R$ 85 milhões em investimentos, incluindo novo hospital, unidades de saúde, sede da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e 620 casas.
Especialistas alertam que, sem planejamento e investimentos públicos contínuos, o ritmo acelerado do setor pode comprometer a qualidade de vida e travar o desenvolvimento no médio e longo prazo.
InfoCaldas Notícias – aqui a informação é levada a sério!