O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou publicamente, nesta terça-feira (16), que a França e a Itália assumam o compromisso de assinar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, negociado há mais de duas décadas.
Em declaração, Lula afirmou esperar que o presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, levem uma posição favorável à assinatura do pacto à Cúpula do Mercosul, que acontece no próximo sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), com a participação de representantes da União Europeia.
“Eu espero que o meu amigo Macron e a primeira-ministra Meloni assumam a responsabilidade de trazer a boa notícia de que vão assinar o acordo e que não tenham medo de perder competitividade com o povo brasileiro”, afirmou o presidente.
Segundo Lula, a União Europeia demonstra disposição para fechar o acordo, mas Macron resiste por receio de impactos sobre o setor agrícola francês, diante de protestos internos. O presidente brasileiro argumentou que não há competição direta entre os produtos agrícolas dos dois países.
“O Brasil não compete com os produtos agrícolas da França. São coisas diferentes, qualidades diferentes. E nós estamos cedendo mais do que eles”, disse.
Avanço no Parlamento Europeu
Mais cedo, o Parlamento Europeu aprovou mecanismos de salvaguarda para importações agrícolas previstas no acordo com o Mercosul. O texto permite a suspensão temporária de benefícios tarifários caso a União Europeia avalie prejuízos a setores do agronegócio local. A proposta é mais rígida do que a versão original apresentada pela Comissão Europeia.
Com a aprovação, o Parlamento e o Conselho Europeu — que reúne os governos dos países do bloco — iniciam negociações para chegar a um texto comum. Segundo a agência Reuters, as tratativas começam nesta quarta-feira (17). O Conselho se reúne na quinta (18) e sexta-feira (19), e a expectativa é que o tema seja votado ainda nesta semana.
Se houver aval, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, poderá viajar ao Brasil para assinar o acordo durante a Cúpula do Mercosul.
Resistências na Europa
Para que o acordo seja aprovado pelo Conselho Europeu, é necessária maioria qualificada: o apoio de pelo menos 15 dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população da União Europeia.
A França lidera o grupo de países contrários ao tratado, pressionada por agricultores que temem a entrada de produtos do Mercosul, considerados mais competitivos. Itália, Polônia e Hungria também demonstram resistência. Áustria e Irlanda sinalizam possível oposição, enquanto a Bélgica já informou que deve se abster.
Nesta segunda-feira (15), Macron e Meloni concordaram com a necessidade de adiar a votação sobre o acordo, segundo a Reuters, o que reforça a incerteza sobre a assinatura do pacto no curto prazo.
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