O Estado de Goiás atravessa uma grave encruzilhada fiscal que remete ao governo de José Eliton, evidenciando contradições entre o discurso de legado deixado por Marconi Perillo e a real situação das contas estaduais ao final do mandato de Eliton.
Quando assumiu, Eliton prometeu preservar o “legado de grandes realizações” de Marconi, destacando programas estruturantes, incentivos fiscais e desenvolvimento econômico. Na prática, porém, parte desse legado se desfez: apesar das obras, a saúde das finanças públicas mostrava fragilidades profundas. Empreendedores e parlamentares reconheciam os incentivos fiscais mantidos, mas a gestão fiscal estava mais vulnerável do que parecia.
Relatórios do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontaram para uma ausência de reservas financeiras quando Eliton entregou o governo para Ronaldo Caiado. De acordo com o tribunal, não havia recursos suficientes para pagar salários dos servidores já até para folha de dezembro e parte de novembro — o que indica que a crise assinalada por Eliton em justificativas posteriores era verdadeira. Esse cenário levou à reprovação das contas de 2018.
Também há acusações de “conta centralizadora”: segundo Caiado, Eliton e Marconi teriam usado esse mecanismo para mascarar a real saúde financeira do Estado, desvio de recursos e maquiagem orçamentária. Já na transição entre os governos Eliton e Caiado, ficou claro que o novo gestor receberia um desafio fiscal pesado — não apenas por dívidas, mas por compromissos não quitados.
A visão otimista de Eliton sobre o Estado herdado (como a promessa de “um novo tempo”, com transparência, ética e desenvolvimento) conflita com os números deixados. Para muitos analistas, o ex-governador fez escolhas que priorizaram incentivos para empresas e crescimento estrutural, mas falhou em garantir liquidez e sustentabilidade nas contas correntes.
Hoje, Goiás vive as consequências desse desequilíbrio: o Estado foi campeão de incentivos fiscais durante o governo Marconi/Eliton, mas herdou uma bomba fiscal que exige rigor e medidas de austeridade para se recompor. A base para o crescimento aparente ficou comprometida por falta de reservas para emergências e pagamento de pessoal, tensionando ainda mais a transição para a gestão de Caiado.